Quem dera a vida de um empreendedor no Brasil fosse, no mínimo, constante e perene. Nada disso: ela é exatamente o contrário. Uma montanha-russa maluca, cheia de altos e baixos, manobras radicais, momentos que lhe tiram a respiração, lindas vistas, vontade de desistir e todos os sentimentos extremos que a adrenalina e a aventura nos causam.
Nunca quis ter uma agência de publicidade e comunicação. Na verdade, não sou do time de fazer espuma. Sei muito bem como ensinar alguém, de trás para frente e de frente para trás, a fazer seu marketing pessoal e comunicar seus diferenciais. Mas, quando se trata de falar da minha carreira, eu sempre respondo: “sou jornalista”, pelo menos na maior parte do tempo.
A verdade é que, quando nos tornamos “donos” ou empreendedores, não somos mais jornalistas, publicitários, designers, etc. Passamos do técnico e vasto conhecimento que geralmente temos em cada especialidade, ao raso e desconhecido mundo que chamamos de empresariado (não, não aqueles que são detentores das grandes fortunas ou dos meios de produção): os que começam antes, terminam geralmente quando todos já estão em suas casas e perdem o sono preocupados em manter as contas (inclusive os impostos que são, sem dúvida alguma, as maiores despesas de uma empresa prestadora de serviços) em dia.
Me tornei sócia da MAVERICK 360 há quatro anos e, desde então, foram incontáveis e imensos aprendizados que, sinceramente, não teria como listar tudo por aqui. De qualquer forma, como uma maneira de compartilhar o pouco conhecimento que adquiri nesse tempo, vou elencar alguns dos ensinamentos que tive (vários foram muito dolorosos, inclusive) como gestora de uma agência de comunicação:
01 - Pense em soluções
Você vai ter problemas, eles são inevitáveis. A dica aqui é: não procure desculpas, vá atrás de soluções rápidas e assertivas. Claro que, após resolver questões de crise que são urgentes, é necessário uma análise e um plano de ação para que as razões que causaram o transtorno não voltem a acontecer, ou pelo menos que vocês façam todo o possível para que não.
02 - Escute
É importante falar, alinhar expectativas (tanto com os clientes, prospects, fornecedores e público, quanto com os prestadores de serviço internos), ser claro nas demandas, além de cobrar, quando existe a necessidade. Entretanto, acima de tudo, é necessário praticar a escuta ativa.
Aprendemos muito, todos os dias, com os feedbacks: apenas ouvindo e distinguindo comportamentos, falas, absorvendo informações e estando abertos a evoluir.
03 - Pouco ou nada sabemos
A cada dia que passa mais tenho a certeza de que muito pouco eu sei. Gerenciar projetos é uma ciência que leva tempo para ser aprendida. Fazer gestão de pessoas, então, é um dom que nunca está completo. Por isso, é necessário evoluir sempre: bibliografia, podcasts, e-books, cursos e todo o conhecimento que puder ser adquirido serve.
04 - Delegar é preciso
Sou formada em jornalismo com uma boa experiência em assessoria de imprensa, gestão de crise e comunicação empresarial. Faço pouco disso hoje - embora esteja sempre na mentoria dos trabalhos. Aprendemos que, para crescer, é preciso delegar e deixar ir. É importante encontrar profissionais capacitados para executar as tarefas, porém é essencial que o diretor da empresa não queira abraçar o mundo.
Confesso que esta foi uma das lições mais árduas que aprendi: quando os gestores principais da empresa executam as tarefas ou resolvem as pequenas coisas do cotidiano de uma agência (ou qualquer outra empresa) não há quem a faça crescer, pois ficamos presos na execução.
05 - Resiliência
Se tem uma coisa que aprendi na marra é ser resiliente. É uma característica indispensável para quem quer sobreviver como empresário em qualquer lugar do mundo e mais ainda no Brasil, que é um país que tem cargas tributárias altíssimas e taxa empresas de maneira bastante desigual e injusta, por vezes.
No fim das contas, ter um negócio, seja ele uma agência de comunicação e publicidade ou quase qualquer outro, é uma montanha-russa: não é para quem quer estabilidade. Não que muita coisa na jornada da vida seja garantida, mas neste caso nada é.
Não dá para negar que é gratificante empregar e pagar pessoas, fornecer um serviço de qualidade e ajudar, de alguma maneira, a mudar um pouco o mundo com pequenas atitudes. Por mais que tenhamos que fazer muitas coisas iguais, sempre tentamos, na medida do possível, fazer diferente.
Feliz nove anos para a MAVERICK 360, quatro anos de agência para mim e vida longa para a gente!